segunda-feira, 20 de maio de 2013

As mamas são como os canos e entopem

Dar de mamar é uma prova de amor. Bolas, que coisa tão difícil! Parir a criança não é prova de amor, é uma inevitabilidade. Ela tem de sair, não há volta a dar-lhe, negociação, ou acordo com o diabo que valha à mãe. Já amamentar... enfim, custa como o caraças. Mas este texto não é sobre a amamentação, sobre a qual até me apetece perorar, não se engane o leitor, e sim sobre um dos possíveis efeitos secundários da dita, e que é a obstrução (cá em casa 'entupimento') dos ductos mamários.

Então o que é um ducto mamário obstruído ou entupido? Bom, segundo o babycenter, este meu uso de obstruído e entupido enquanto sinónimos está errado, um ducto obstruído é um ducto inflamado e um ducto entupido é, realmente, um ducto entupido, que surge algum tempo depois do início da amamentação e que se revela através de um pontinho branco na ponta do mamilo (o site em brasileiro do babycenter faz bem esta distinção e também indica como resolver este segundo problema; prefiro a versão inglesa para tratar do primeiro).

No meu caso, e aqui devo dizer-vos que já levo experiência liceal do assunto, a mama direita já se me entupiu doze vezes e o puto ainda só tem oito meses (faz hoje!), um ducto obstruído faz-se anunciar sem cerimónias. A mama fica dorida e encaroçada, e consigo identificar exactamente onde é que o leite se está a alojar. Sinto um nódulo duro, um caroço que vai aumentando de volume à medida que o tempo passa sem que eu consiga resolver o problema. Alturas tantas começo a sentir o ducto propriamente dito, parece um tubinho que vai até ao mamilo, como se dentro da mama tivesse uma palheira fininha daquelas que vem nos pacotes de leite achocolatado porém cheia de dor. Bonito...

Como resolver o problema? A primeira indicação que vem em tudo o que é site é "continuar a amamentar". Isto é bem mais fácil de dizer do que de fazer. A mama está dorida e a última coisa que apetece fazer é encostar lá seja o que for, muito menos uma criança que mexe e dá cabeçadas. Mas é essencial esvaziar a mama. Repito: é essencial esvaziar a mama! Primeiro, porque impede que o problema fique pior e redunde, eventualmente, numa mastite. Segundo, porque é conveniente para o que vem a seguir. Prefiro esvaziar a mama com a bomba (tenho a Isis), mas costumo usar a combinação bomba/bebé. O bebé tem um maior poder de sucção do que a bomba, mas cansa-se e desmotiva-se mais rapidamente, o que frustra o objectivo.

Depois da mama em questão bem vazia, há que aquecê-la. Às vezes uso um saco térmico daqueles que tanto vão ao microondas como ao congelador, bem quentinho, outras vezes ponho-a debaixo de uma torneira com chuveiro. Este é um tempo que eu normalmente aproveito para me mentalizar para a parte que vem a seguir, que é a minha menos preferida, a da massagem. Quando tenho mais tempo para dedicar à coisa também aqueço a mama antes de dar de mar. Há algo mágico no calor que ajuda o leite a fluir melhor (se calhar

O ideal para a massagem, tenho-o o descoberto ao longo da minha vasta experiência com os desafios da amamentação, é haver um par de mãos extra disposto a colaborar. Não tendo um companheiro com vontade de dar o corpo ao manifesto, é habitual recorrer à boa vontade e talento de mamãe, mulher sempre (bem) disposta a minorar as dores de sua filha adorada. Quando me falta a mãe recorro ao meu happy face wooden massager, um presente de um ex-namorado daqueles que felizmente guardei (o presente, não o ex). A cara sorridente, admito, pouco fará pelo sucesso da empreitada, pelo que vos recomendo que se tiverdes um qualquer massajador sem a dita, não o deiteis fora. Se não houver nenhum massajador, de madeira ou outro material, sorridente ou não, por perto, então usai da vossa imaginação e usai um qualquer objecto macio, duro, e que deslize bem, por exemplo uma maçã. A minha fixação com um objecto advém do eu achar que é mais fácil exercer pressão com um objecto do que com a minha mão, onde também tenho sensação. Deste modo isolo as sensações da dor e do toque na mama e consigo massajar com mais intensidade (e pressão e desconforto).

A massagem, com a mão ou com o objecto-de-tortura, é feita do mais longe do mamilo para o mais perto, de modo a desfazer o nódulo e conseguir espremer o leite. Quando já cheguei aos finalmente e o ducto está ok, é frequente ver, quando espremo o mamilo, um esguicho de leite, e o leite fluir livremente. O esguicho é mesmo um sinal de job well done, prueba superada.

Resumidamente, a estratégia para desentupir a mama:
  1.    Esvazia.
  2.    Aquece (pode ser antes do passo #1).
  3.    Massaja/espreme.

Boa sorte!